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Helena e o misterioso vento

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Helena saiu da escola ontem repetindo sem parar sobre um vento, “que tem nos Estados Unidos, que leva as pessoas embora, que vai levar o tio Alê (meu irmão), a tia Renata, a minha prima Julia…” Ela contava para amiga, Mari, que o tal vento existia. Estava com uma carinha de preocupada e triste. Dizia ter visto um vídeo sobre isso.

Mistério… Atenção: isso não é uma fanfic, é real.

Corta a cena:

De noite, preocupada, relatei o episódio para o marido, já pensando em perguntar para a professora o que tinha havido.

Eis que o pai faz uma cara tipo “tenho culpa no cartório” e começa a falar:

Pela manhã, ao sair de casa, ele pediu para Helena fechar seu casaco pois estava ventando. Ávido por ensinar tudo para a filha, comentou: “sabia, filha, que tem vento tão forte que leva os carros, as pessoas? Chama-se furacão. Não tem aqui no Brasil, tem nos Estados Unidos”.

MISTÉRIO (em parte) RESOLVIDO!

A pobre criança ficou matutando o tema a manhã toda, e concluiu que o tal vento levaria embora seus parentes que moram nos EUA (a prima Julia, o tio Alê, a tia Renata…). Tadinha!

Moral da história: pais de crianças menores, facilitem a vida um do outro, compartilhem tudo o que acontece quando estão a sós com seus filhos. E cuidem do que falam aos pequenos. Ele escutam TUDO e vão de alguma forma usar a informação.

Bônus: o tal vídeo que foi mostrado pelo pai, tentando explicar o vento, era a clássica primeira cena de O Mágico de Oz, em que um furacão leva tudo e todos embora…

Uma carta antiga, uma dica importante.

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Cortar o cordão umbilical depois do nascimento é um dos desafios mais difíceis da maternidade. Mas, muito importante. Depois de três anos (Helena com 4 hoje) ainda sinto aquela dorzinha daquela noite descrita nesta carta e as vantagens por ter enfrentado o desafio. Por outro lado, ainda sinto a dificuldade de cortar de vez o umbigo, uma vez que me tornei 100% mãe nos últimos dois anos. Não há regras, há o equilíbrio entre o bom senso e o coração. Há, na prática, uma coisa a se fazer: ser persistente.

Vídeos de brinquedos no YouTube podem tornar seu filho consumista?

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Tempos atrás, Helena anunciou que ia brincar de “oi galerinha”. Passaram-se semanas até que ouvi a expressão repetida na abertura de um vídeo que ela assistia no YouTube. Pois é com esse singelo “oi galerinha” ou “hi guys” que youtubers mirins se dirigem aos seus espectadores nos seus popularíssimos vídeos de “unboxing”.

Como qualquer criança de sua idade, Helena é ávida consumidora de vídeos no YouTube. Todo pai de crianças nascidas pós-2005 conhece essa história: começa-se buscando um vídeo de um desenho (Peppa? Galinha Pintadinha?) para distrair os pequenos. Logo, entra em ação o algoritmo do Google e suas sugestões. Com seus dedinhos preparados para smartphones e tablets, as crianças passeiam pelo acervo de vídeos e certamente darão, em algum momento, num vídeo de “unboxing”.

Se não sabem do que estou falando, tratam-se de vídeos – com intuito de apresentar um produto – cujo roteiro é basicamente uma criança (ou um adulto), às vezes falando em português e muitas vezes em inglês, espanhol, russo! Ele abre um brinquedo, mostra como ele funciona, de vez em quando cria histórias com os personagens. A Mariana Della Barba escreveu um excelente texto sobre o tema na BBC*, que inclusive me inspirou a compartilhar aqui minhas visões sobre o tema.

Não há como negar: esse vídeozinho funciona como propaganda do brinquedo, mesmo que não seja a intenção do autor. Aliás, provavelmente mais eficaz que um comercial no Discovery Kids, pois não só prende a atenção da criança por um tempo maior (pode superar 10 minutos), como traz um gigantesco e valioso atributo de autenticidade.

Não vou entrar aqui na discussão sobre a ética da relação entre esses youtubers e as marcas dos brinquedos retratados. Minha intenção é avaliar as implicações desses vídeos para a formação da minha filha.

Já adianto minha conclusão: não são vídeos do YouTube ou propagandas de TV que definirão os hábitos de consumo da Helena ou, em última análise, sua relação com dinheiro. Essa formação ela receberá dos pais, de nossas atitudes diárias, que ela incorpora.

Brinquedos na tela

Os vídeos de “unboxing” são, em primeiro lugar, uma forma de “brincar” com brinquedos que Helena não tem, muitos que nem existem no Brasil. Ela se diverte, se inspira. Até uma brincadeira nova ela inventou — “oi galerinha” — e dá bronca nos adultos que tentam espiar o que se passa por ali. É um momento só dela, de criar uma diversão com os brinquedos que já tem.

Papai Juliano Nobrega é mestre em usar esses vídeos para buscar novas ideias para brinquedos antigos. Vídeos de Legos que Helena não têm, por exemplo, servem de guia para construções com os blocos que ela já têm.

Até aqui, nenhuma decisão de compra ou dilema consumista. Mas vai chegar a hora. Mamãe, compra esse?

Antes de mais nada, como profissional da comunicação, ressalto minha crença na publicidade como forma de informar escolhas de compra de qualquer pessoa. Toda tentativa de censura à publicidade cerceia, na verdade, um direito do consumidor.

Assim, ao analisar diversos brinquedos em infindáveis vídeos do YouTube, Helena também forma suas convicções. E aqui está a chave, a meu ver: não é ela quem decide comprar.

Sempre que ela me pede algo, seja a partir de um vídeo no YouTube, seja numa loja, digo a ela que temos de pensar, primeiro, se é possível — “a gente não pode comprar tudo”, explico, e dou uma ideia de que o dinheiro acaba, que nem a água do planeta.

Em seguida, tento ajudá-la a pensar se vale a pena, ou se ela já não tem algo parecido; ainda assim, depois de fazê-la refletir um pouco, deixo sempre uma brecha para que ela deseje o brinquedo e tenha esperanças de uma dia ganhá-lo.

Lista de desejos

Para isso, criamos uma “lista de desejos” imaginária. Quando ela quer algo e não podemos/não vamos comprar, vai para essa lista. Nela, é possível sonhar com presentes que um dia poderão chegar. Assim, não alimentamos o consumo e ainda estimulamos o sonho. É até uma primeira forma de aprender a ter metas, né?

Sim, em algumas situações, acreditamos no sistema de incentivo pelo qual ela ganha recompensas, entre elas, algum brinquedo.

Mas também fazemos surpresas. Sem que ela me peça, independentemente do dia, às vezes a surpreendo com algo que ela desejou muito. É irresistível aquele brilho nos olhos, não é? Dessas surpresas que veio a famosa frase dela: “Eu não acredito, mamãe!” É muito amor.

Com esses cuidados e atitudes no dia-a-dia, fico de consciência tranquila enquanto minha filha “brinca” com amiguinhas virtuais nos vídeos de unboxing. Hábito de consumo não se aprende no YouTube, assim como não se aprende nas lojas físicas ou nos passeios a shoppings que fazemos, e sim nos valores ensinados pelos pais, todos os dias.

 

 

Por que Helena saiu à noite pela primeira vez aos 4 anos

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Helena foi ao Stop Dog. Aos (quase) quatro anos, foi a primeira vez que ela saiu de casa para uma programação noturna (idas ao pronto-socorro excetuadas, diga-se), e por isso também a primeira vez que saiu para jantar fora de casa. Foi também foi seu primeiro hambúrguer. Ufa!

O fato de Helena fazer sua estreia na balada “apenas” aos 4 anos diz muito sobre a importância que eu e Cristina damos a dois aspectos na sua criação: a rotina e o respeito às suas fases de desenvolvimento.

Passados 4 anos, posso testemunhar que valeu a pena resistir, mantendo a rotina da Helena e dando novos passos com cuidado. Mas o assunto já foi motivo de muita frustração e discussão entre nós. Buscamos o bom equilíbrio entre respeitar os momentos dela, sem fazer da casa uma “infantocracia”, mas sempre aparece aquela tentação de carregá-la para programas “de adulto”, ou algo parecido.

Para resumir, atualmente Helena acorda às 6h, almoça às 13h, janta às 19h e dorme às 20h. No almoço, por exemplo, nem sempre foi assim. Começou 11h30 e foi ficando mais tarde. No começo, deixamos de ir muitos almoços familiares ou com amigos porque não dava para levar Helena. Por que não? Porque ela teria que comer antes de todo mundo e porque a hora do almoço era justamente quando ela dormia. Com Helena, rapidamente descobrimos que era altíssimo o preço a pagar por alterar sua rotina de sono. Sabemos que muitos pais se organizam para não perder esses encontros, por exemplo colocando a criança para dormir no carrinho. Não existe certo, existe o que é melhor para cada família. Nossa opção foi essa e, como já afirmei acima, não tenho dúvida de que valeu a pena. O momento chegou. No almoço, Helena já curte restaurantes conosco, aos poucos ampliando seu leque gastronômico.

O horário do jantar traz mais complicadores para casar a programação dela com a nossa. Registro uma enorme vantagem: como Helena dorme no máximo até 20h30, Cristina e eu temos algumas boas horas da noite para curtir a sós. <3 Agora, se não tivermos com quem deixá-la, o jantar tem que obrigatoriamente ser casa. Na maior parte das vezes, uma delícia: pedimos algum delivery gostoso (mesmo em hotéis) ou então o marido vai para a cozinha. Mas a nossa frequência de jantares fora de casa, ainda que para uma simples pizza de domingo à noite, caiu para perto de zero. Agora, no momento certo, respeitando a rotina da Helena, isso também começa a mudar.

O sempre ótimo “Criando bebês”, do dr. Howard Chilton, tem uma frase que guardei para o resto da vida: “resista à tentação de desejar que a próxima fase do seu filho chegue logo”. Quando nos damos conta que, de fato, “passa muito rápido”, faz muito sentido.

E para quem ficou com vontade, os acontecimentos do dia se passaram no Stop Dog na esquina da av. Arapanés com a av. Sabiá, um tradicionalíssimo programa de domingo para moradores de Moema.

Bem vinda à noite, Helena!

Juliano Nóbrega

Bem-vinda, bem-vindo

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Desde pequena parecia mandona e exalava confiança. Mas, por dentro, morria de medo de “sobrar” nos bailinhos da escola – alguém se lembra da tenebrosa brincadeira da vassoura? Tinha medo do invisível. Aos oito anos, não queria ser apenas médica. Queria ser car-dio-lo-gis-ta. Na adolescência, quis mexer com animais. Não virou veterinária, mas zootecnista, uma espécie de nutricionista e geneticista de animais. Não sabia tocar um instrumento, é verdade. Mas tocava gado muito bem, embora tenha nascido na concreta São Paulo. Por décadas o campo foi seu porto seguro. Morou em fazendas – no Brasil e no Canadá –, respirou o cheiro bom da terra tombada e da chuva no entardecer. Namorou. Levou fora ao som de “adeus paulistinha, do meu coração, lá pro meu sertão eu quero voltar. Trabalhou bastante. Estudou mais, fez Marketing e se especializou em Comunicação Pública. Alcançou cargos importantes; entendeu que o Homem Aranha (ou Voltaire, Churchill, tanto faz…) tinha razão ao dizer que, “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”. Esteve no planalto, na planície e no fundo do poço. Apertou a mão de presidentes, perdeu a chance de apertar a da Madonna (uma amiga não se conforma!), mas entendeu que o mais gostoso é apertar a mão de quem merece. Fez terapia. Muita terapia. Só depois dos trinta aceitou sua impotência diante dos vetores da vida. Só depois dos 30 entendeu que o complexo de Cinderela não era apenas um conto de fadas. Descobriu, sob sua alma um tanto masculina, uma floresta de inseguranças. Viu-se, enfim, cercada do mesmo medo infantil do invisível. Mas não era mais criança. Conhecia muito mais. Entendeu o sentido do equilíbrio e o perigo dos extremos. Encontrou o amor, simples e sedutor. Casou-se. Aos 40 virou mãe. Mãe da Helena, hoje com 3 anos e 10 meses.

Ela sou eu, e eu sou ela.

Hoje, descobri que sei escrever. E que adoro receber amigos.

Portanto, seja bem-vinda, ou bem-vindo!

Espero que você encontre neste site um lugar em que se sinta bem, se identifique ou até mesmo se divirta.

O site está dividido em quatro espaços com vistas a facilitar a sua busca por um local prazeroso de leitura. São eles:

1. Pequeno Manual de Instrução – quando a mulher engravida todo mundo a ensina como são os difíceis primeiros meses: amamentação, choros, cólicas, cansaço etc. Mas e todas as mudanças radicais nas nossas vidas que teremos de enfrentar nos anos seguintes? Falta de tempo para nós, a “adolescência” da infância, as mudanças de comportamento… Quem nos prepara para conduzir com serenidade a transformação de um bebê em criança e futuro adulto? É neste espaço que pretendo trocar experiências sobre esse tema complexo e apaixonante: ser mãe. Criar, educar, sentir, chorar… Aqui também compartilharei dicas práticas que aprendi no do dia-a-dia, além de opiniões sobre viagens e programações minhas com a Helena e de amigas que quiserem contar e colaborar.

2. Diário de Receitas – já conhecido por alguns, as receitas do marido e da Rose (babá da Helena) fazem sucesso. Sim, tenho sorte de ter um marido que cozinha muito bem (você não imagina a bagunça em que fica a cozinha depois do preparo de um simples jantar!). E de contar com uma babá que é também cozinheira de forno e fogão, da melhor torta de frango do mundo. Pretendo dividir com você algumas dessas receitas deliciosas.

3. Coisas de Helena – Se você procura um sorriso, aqui você vai achar. Dela ou seu mesmo. Naquele dia em que você acorda de mau humor ou em que a tarde está terrível, dê uma passadinha neste espaço. O seu dia vai melhorar ?

4. Ikotidiano – Espaço em que você encontrará crônicas do dia a dia e textos de amigas valiosas que serão convidadas a contribuir.

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