Carta: sobre ser incoerente; sobre ser mãe

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São Paulo, 20 de agosto de 2014.

Helena,

Você está crescendo, mas não só de tamanho, está se desenvolvendo muito. “Naturalmente, como todas as crianças”, diria qualquer um. Sim, é natural, eu sei. Não fosse pelas suas histórias, pelo seu jeito engraçado, carinhoso e sedutor não haveria graça nesta carta.

Há dias em que afirmo para você que você já está grande, mocinha, pois já come sozinha, se comporta bem, toma todo leite sozinha blábláblá. Porém, há dias em que eu sou obrigada a te dizer que você não pode fazer isso ou aquilo sozinha, porque você é pequena, ainda bebê. Você me olha de um jeito desconfiada, testa o limite, vê que não vai dar certo e respeita. Tenho certeza que você guarda aquela informação, de certa forma, contraditória e pensa: uma hora eu sou mocinha ou menina grande, outra hora eu sou criança pequena, bebê…

Imagino que toda mãe deve ser assim, meio, digamos, incoerente.

Ocorre que esse negócio de você crescer, passando pelos famosos terrible two, aliado à necessidade de te ensinar valores, de você aprender os limites e tudo mais, vai fazendo a mamãe virar uma mestre em incoerência.

Hoje, antes de você dormir, como sempre, li duas histórias (às vezes são três); você as ouviu atentamente, participou e até me corrigiu quando pulei uma parte para acelerar. Eu te elogiei e disse “muito bem, você está crescendo!” Você retrucou rapidamente: “mas eu não sou grandona como a mamãe ainda!”. De fato não é, um dia você vai ficar como a mamãe (juro que pensei: uhu, consegui!). Porém, depois, em nossa conversa antes de ir para cama, você me pediu algo curioso: “mamãe, amanhã vamos assistir futebol, vamos torcer para o Brasil!” Eu falei: “meu amor, a Copa já acabou, agora, só daqui a quatro anos, quando você estiver maior, não tão grande como a mamãe, mas já vai estar uma menina grande”. Você ficou pensando, pensando…

Sugeri que cantássemos a nossa música para ir para a cama e dizer boa noite. Você mandou: “não vou cantar a nossa música, não vou falar boa noite, a mamãe canta e fala boa noite para Helena… eu sou pequenininha….” :-)

Sim, você vai ser minha pequenininha grandona para sempre!

Aí vai meu coração,

Mamãe.

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